Comigo foi a dieta! Santa Dieta! Este ano, e Junho, resolvi que estava na hora de me livrar dos restos da "casinha" da Muffy. Bem, não era uma casinha, era uma mansão! Fui então ver o "sôtor" nutricionista e vim de lá com um plano alimentar muito...como deveria dizer?... estreitiiiinho! Acabaram- se os lanchinhos a meio da manhã ( a meia de leite com a "sandezinha" de queijo e manteiga ou bolinho). Acabaram- se também as almoçaradas com as colegas de trabalho naquela cadeia de amurgas (hamburguer em Browniês) e molhengas. Com muita surpresa minha, eu sou, afinal, determinada. Determinada, não! Hiper, mega- determinda! Durante 4 meses não pus o pé fora da linha, segui à risca e ao milímetro as indicações do sôtor e aqui estou eu, 12 Kg. de pessoa a menos e muito, mas muito, diferente...por dentro e por fora!
Toda esta história da carochinha para dizer o seguinte: enquanto eu emagrecia, a minha colecção de livros de culinária engordava! A minha leitura de cabeceira perdeu toda a ligação à narrativa, poesia ou drama e transformou- se numa pilha de livros de receitas, culinária e gastronomia. Em vez de assaltar o frigorífico no silêncio da madrugada, comecei a ficar acordada até tarde a devorar as fotos dos livros e a sorver a descrição do processo de produção do alvo da fotografia! Que maravilha! E foi assim que consegui suportar a minha reeducação alimentar! Engordando a prateleira e emagrecendo a mim ( e a carteira! desculpa esposinho, fofinho!). Foi também assim que redescobri, muito fechadinha, dentro de uma caixinha muito bem camuflada, a paixão pela culinária, pelos tachos, panelas, frutas, legumes, ervas e temperos - ver lá em cima como vim aqui parar).
Um desses livros talvez seja uma escolha inesperada. Foi prenda de anos da minha sogrinha. É da autoria de uma escritora inglesa, Tessa Kiros, de origem finlandesa/grega-cipriota que viveu na África do Sul e que registou num livro de culinária as suas impressões acerca de ...Portugal!
Por um lado poder- se-ia perguntar qual o objectivo de ter um livro, feito por uma estrangeira, que contém receitas de coisas que são, para nós que as temos à distância de um nada, banais. Falo das receitas de caldo verde, de pasteis de nata, de bife à lisboeta. Sim, são tavez banais. Mas vê- las à luz dos olhos de um estrangeiro foi, para mim, como se essas coisas ganhassem, de novo magia. A magia do que é nosso! Ver alguém falar, com o coração, do que é português, dos portugueses e descrever- nos com tanto carinho, nesta época em que o contexto social, económico e cultural não favorece nada a não ser tristeza e desânimo, foi, de facto, revigorante!
Para além disto, a fotografia que acompanha o livro é fenomenal no que diz respeito à captar aspectos deslumbrantes da nossa cultura, como os azulejos, os pratos de porcelana antigos, expostos numa parede, os nossos velhotes com as suas rugas que são verdadeiras máquinas do tempo que contêm séculos de História. Somos ou não somos um povo mágico???
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