Muffys, não Muffins!!!

A viagem em busca do título (perfeito) para um blog pode transformar- se numa verdadeira expedição pelos recantos mais íntimos das nossas inspirações e das nossas memórias, e não é, nada mais nada menos que a tentativa de responder à pergunta: o que é que me inspira? Iniciei esta viagem pelas memórias. Da infância. Da casa da tia Julieta em Tavira e do cheiro a figos, a amêndoas e de trepar à alfarrobeira com os primos. E como não há nenhum algarvio que não tenha um pezinho em Marrocos vagueei pelo Oriente, pelos perfumes e aromas que nos deixaram em herança ( para além das mouras encantadas!). E do Oriente, da Índia, veio o meu sonho mais sonho, veio o amor verdadeiro (... e o tempero da sogra!). E foi desta magia oriental que nasceram as minhas inspirações que têm (por coincidência) alcunha de guloseima: Muffy (diminutivo carinhoso de nome de pestinha), quase tão docinha como um muffin, mas muito, muito mais apimentada; e Brownie, tão docinha, tão apaixonada por chocolate que o tom da sua pele quase reflecte o tom dourado da guloseima. São elas que me inspiram e me incentivam a ser feliz todos os dias! Muffy e Brownie!



Como vim aqui parar

Com que intenção criei este blog? Bem , falemos das razões pelas quais NÃO criei este blog: não tenho intenção alguma de mostrar as minhas criações perfeitas, feitas à primeira,  fotografadas do ângulo ideal, com o enquadramento perfeito. Isso, seria impossível de acontecer! Em primeiro lugar porque, lá por casa o ratio  de erro-sucesso é de aproximadamente 5-1 ( e talvez esteja a ser modesta!). E depois porque este cantinho é, para mim, apenas uma forma de aliar as três coisas que mais me preenchem (vida familiar à parte, claro!): a culinária, a escrita e a saúde natural!
Eu sou, aliás deveria ter sido, não fosse o belo quadro institucional da Educação em Portugal, professora de Português e Francês (dá muito jeito para ler livros de culinária no original, e para brincar ao Ratatouille com a Brownie). A escolha do curso foi motivada, não  a 100% pela minha paixão pelo ensino, mas porque sempre, desde que me lembro, me fiz acompanhar por coisas estranhas como livros, livros e mais livros; por bloco e caneta. Estes eram as vítimas dos acontecimentos do meu dia-a- dia. Eram o meu confidente de eleição, o meu psicólogo mais eficiente e até o ombro onde pousava a cabeça no final de um dia triste. Toda a minha vida escrevi: escrevi as depressões de juventude, a angústia do secundário, a alegria da faculdade, o amor, escrevi para as minhas filhas quando elas ainda só existiam no brilho dos nossos olhos, escrevi- lhes também quando, de sonho, passaram a forma de barriga e depois de gente (inha).


Muffy


Brownie










De culinária...pois... se as fadas madrinhas existissem, a minha ter-me-ia dito a certa altura da minha vida: "não vás para Letras, dedica- te à culinária!"...era tão óbvio e ninguém viu. Porque a felicidade dos meus pais era ter um dos filhos na faculdade, com canudo (por falar nisso, tenho de ir limpar o pó às latinhas dos diplomas). E a felicidade dos meus pais foi, até uma certa altura, uma pesada prioridade que carreguei. E com tanta felicidade, ninguém reparou nos livros e revistas de culinária que se acumulavam nas prateleiras ao lado dos calhamaços do curso; nem ninguém reparou que passava os fins de semana em volta dos tachos e das ditas revistas, muitas vezes, em vez de estudar.
Mas o curso lá se fez. E emprego? Colocação nem vê- la! mas por coincidência havia um buraquinho numa empresa de produtos naturais de um familiar. Temporário, claro! Sete anos não se pode considerar temporário, acho eu...Resumindo, fui ouvindo falar, fiquei curiosa- fui lendo, fiquei curiosa- fui estudando, conheci- apaixonei- me! e compreendi que o alimento pode, de facto, ser um medicamento ou, pelo menos, manter- nos afastados deles!
E aqui me encontro no ponto de partida: a ler e a escrever sobre alimentação e nutrição, sobre culinária e sobre a forma como aquilo que comemos nos influencia, por dentro e por fora.

O desafio que aqui lanço ( vá, pronto, é mais um convite que eu não sou cá pessoa de desafiar ninguém) é que me acompanhem numa viagem, que vai ser preenchida de tentativas e de erros ( prevejo um futuro culinário carregadinho deles). Da minha parte comprometo- me partilhar com quem tiver pachorra para me seguir, ou apenas visitar, aquilo que eu for aprendendo e aquilo que aprendi  no meu trabalho temporário...por tempo indeterminado ;).

Um abraço.