Muffys, não Muffins!!!

A viagem em busca do título (perfeito) para um blog pode transformar- se numa verdadeira expedição pelos recantos mais íntimos das nossas inspirações e das nossas memórias, e não é, nada mais nada menos que a tentativa de responder à pergunta: o que é que me inspira? Iniciei esta viagem pelas memórias. Da infância. Da casa da tia Julieta em Tavira e do cheiro a figos, a amêndoas e de trepar à alfarrobeira com os primos. E como não há nenhum algarvio que não tenha um pezinho em Marrocos vagueei pelo Oriente, pelos perfumes e aromas que nos deixaram em herança ( para além das mouras encantadas!). E do Oriente, da Índia, veio o meu sonho mais sonho, veio o amor verdadeiro (... e o tempero da sogra!). E foi desta magia oriental que nasceram as minhas inspirações que têm (por coincidência) alcunha de guloseima: Muffy (diminutivo carinhoso de nome de pestinha), quase tão docinha como um muffin, mas muito, muito mais apimentada; e Brownie, tão docinha, tão apaixonada por chocolate que o tom da sua pele quase reflecte o tom dourado da guloseima. São elas que me inspiram e me incentivam a ser feliz todos os dias! Muffy e Brownie!



terça-feira, 6 de março de 2012

Bolo de lima e côco para momentos doces!!!

É engraçado como a vida nos dá lições. Quem me diria a mim há 10 anos atrás, que iria ansiar pelo momento em que vou estar com os meus pais? E que iria esperar uma semana inteira pelo dia em que vou almoçar lá a casa ou pelo dia em que lá convenço o meu pai a vir a minha casa lanchar*?

Há uns anos eu ansiaria por vê- los pelas costas. Cada momento sózinha era uma benção e os meus planos de vida passavam, forçosamente, por arranjar um emprego longe, bem longe, de preferência noutro continente. Quanto mais tentavam prender- me em casa, mais cresciam em mim a revolta e o sentimento "um dia vingo- me, e desapareço daqui!...".

Mas depois chegou, finalmente o dia de partir. E, com ele, o dia em que os meus pais me mostraram que me amavam incondicionalmente, porque foram capazes de mudar por mim. E o meu estatuto de mulher, responsável pela geração (e gestão) de uma nova família (mesmo quando ainda só era composta por dois elementos) criou neles o respeito de quem apoia mas não se intromete, de quem contribui apenas com a sua presença incondicional.


Percebi isto no dia em que aconteceu algo de extraordinário e inesperado- naturalmente, dei por mim a beijar o meu pai e fazer- lhe festas na careca.Como se ele fosse o filho e eu a mãe que quer proteger e acarinhar.


E desde esse dia, à medida que o meu amor crescia a uma velocidade sufocante, começava a não haver espaço para qualquer outra classe de sentimentos- só amor, admiração, carinho e muita vontade de partilhar com eles muitas alegrias.

Felizmente, a vida tem- nas trazido. Aos pares... de meninas! Não só as minhas, mas muitas meninas!Muitas crianças apaixonadas pelo vôvô e pela vóvó!  E, com o avançar da idade, eles têm- se tornado os meus meninos- ou os meus filhos mais velhos, como eu gosto de lhes chamar.

E como uma mãe velhinha que sonha com o dia em que os filhos vêm para a visita semanal, também eu suplico * e peço o favor de uma visitinha, rápida, de médico, e dou desculpas- muleta pelo meu pedido: "Venham ver as netas!"; "Elas têm muitas saudades vossas"; "Tenho muita roupa para passar. Se a mãe cá pudesse vir..." ( É claro que, assim que a campaínha toca, a roupa se esconde no roupeiro mais fundo que eu não sou abusadora!).

Confesso que, de cada vez que sou agraciada com uma visita de Sua Ex.ª, o Rei da Couve- Troncha, e recebo as (como ele diz)  "saquiladas" de grelos, alfaces, cebolas, batatas, ovos, e muitos, muitos , outros produtos da horta, que ele continua a produzir (porque "se não o que é que a moça come?"), choro em silêncio e rezo, rezo muito e baixinho. Para que as saquiladas continuem a chegar à minha cozinha eternamente, porque cada saquilada encerra - disfarçados de grelos, alfaces, cebolas, batatas e ovos- muitos beijos, abraços, "Adoro-te, filha", "Tenho orgulho em ti, filha" que nunca El- Rei da Capoeira poderia dizer em público.

(* Sim, porque o meu castigo agora, é ter de partilhar as atenções do meu "filho mais velho"  com as galinhas, a horta, o calorzinho da salamandra, a novela da TVI e ainda o medo de conduzir quando já está escuro.)