Muffys, não Muffins!!!

A viagem em busca do título (perfeito) para um blog pode transformar- se numa verdadeira expedição pelos recantos mais íntimos das nossas inspirações e das nossas memórias, e não é, nada mais nada menos que a tentativa de responder à pergunta: o que é que me inspira? Iniciei esta viagem pelas memórias. Da infância. Da casa da tia Julieta em Tavira e do cheiro a figos, a amêndoas e de trepar à alfarrobeira com os primos. E como não há nenhum algarvio que não tenha um pezinho em Marrocos vagueei pelo Oriente, pelos perfumes e aromas que nos deixaram em herança ( para além das mouras encantadas!). E do Oriente, da Índia, veio o meu sonho mais sonho, veio o amor verdadeiro (... e o tempero da sogra!). E foi desta magia oriental que nasceram as minhas inspirações que têm (por coincidência) alcunha de guloseima: Muffy (diminutivo carinhoso de nome de pestinha), quase tão docinha como um muffin, mas muito, muito mais apimentada; e Brownie, tão docinha, tão apaixonada por chocolate que o tom da sua pele quase reflecte o tom dourado da guloseima. São elas que me inspiram e me incentivam a ser feliz todos os dias! Muffy e Brownie!



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Páginas e páginas de (boa) tortura!!!

   Tal como a vida nos ensinou a todos, é nas situações extremas, fora da nossa zona de conforto, que conseguimos conhecer-nos, trazer à luz novas facetas da nossa personalidade que, até então, desconhecíamos...ou às quais virávamos a cara por comodismo, porque dali poderia, afinal, vir algo que nos forçasse a lutar, investir energia ou sair da nossa modorra diária.

    Comigo foi a dieta! Santa Dieta! Este ano, e Junho, resolvi que estava na hora de me livrar dos restos da "casinha" da Muffy. Bem, não era uma casinha, era uma mansão! Fui então ver o "sôtor" nutricionista e vim de lá  com um plano alimentar muito...como deveria dizer?... estreitiiiinho! Acabaram- se os lanchinhos a meio da manhã ( a meia de leite com a "sandezinha" de queijo e manteiga ou bolinho). Acabaram- se também as almoçaradas com as colegas de trabalho naquela cadeia de amurgas (hamburguer em Browniês) e molhengas.   Com muita surpresa minha, eu sou, afinal, determinada. Determinada, não! Hiper, mega- determinda! Durante 4 meses não pus o pé fora da linha, segui à risca e ao milímetro as indicações do sôtor e aqui estou eu, 12 Kg. de pessoa a menos e muito, mas muito, diferente...por dentro e por fora!

   Toda esta história da carochinha para dizer o seguinte: enquanto eu emagrecia, a minha colecção de livros de culinária engordava! A minha leitura de cabeceira perdeu toda  a ligação à narrativa, poesia ou drama e transformou- se numa pilha de livros de receitas, culinária e gastronomia. Em vez de assaltar o frigorífico no silêncio da madrugada, comecei a ficar acordada até tarde a devorar as fotos dos livros e a sorver a descrição do processo de produção do alvo da fotografia! Que maravilha! E foi assim que consegui suportar a minha reeducação alimentar!  Engordando a prateleira e emagrecendo a mim ( e a carteira! desculpa esposinho, fofinho!). Foi também assim que redescobri, muito fechadinha, dentro de uma caixinha muito bem camuflada, a paixão pela culinária, pelos tachos, panelas, frutas, legumes, ervas e temperos - ver lá em cima   como vim aqui parar).
   
   Um desses livros talvez seja  uma escolha inesperada. Foi prenda de anos da minha sogrinha. É da autoria de uma escritora inglesa, Tessa Kiros, de origem finlandesa/grega-cipriota que viveu na África do Sul  e que registou num livro de culinária as suas impressões acerca de ...Portugal!


   Por um lado poder- se-ia perguntar qual o objectivo de ter um livro, feito por uma estrangeira, que contém receitas de coisas que são, para nós que as temos à distância de um nada, banais. Falo das receitas de caldo verde, de pasteis de nata, de bife à lisboeta. Sim, são tavez banais. Mas vê- las à luz dos olhos de um estrangeiro foi, para mim, como se essas coisas ganhassem, de novo magia. A magia do que é nosso! Ver alguém falar, com o coração, do que é português, dos portugueses e descrever- nos com tanto carinho, nesta época em que o contexto social, económico e cultural não favorece nada a não ser tristeza e desânimo, foi, de facto, revigorante!
   Para além disto, a fotografia que acompanha o livro é fenomenal no que diz respeito à captar aspectos deslumbrantes da nossa cultura, como os azulejos, os pratos de porcelana antigos, expostos numa parede, os nossos velhotes com as suas rugas que são verdadeiras máquinas do tempo  que contêm séculos de História. Somos ou não somos um povo mágico???
  


  




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